Atualizado em 30/04/2024 por Sylvia Leite
Quem nunca ouviu a frase: “o freguês tem sempre razão”? O que poucos sabem é que seu autor foi o português Manuel José Lebrão, um dos fundadores da Confeitaria Colombo, no centro do Rio de Janeiro. Com essa visão empresarial, e influenciado pelos valores culturais e estéticos da Belle Époque, Lebrão, como era conhecido, cultivou a clientela e fez do seu pequeno café, inaugurado em 1894, um marco da gastronomia e da arquitetura cariocas.
Hoje, a Colombo é um dos principais pontos turísticos da cidade. Está tombada como patrimônio material pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultura (NEPAC) e como patrimônio imaterial, pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Sua importância é tamanha que uma das estações do VTL – Veículo Leve Sobre Trilhos -, que liga a região portuária do Centro da cidade, recebeu o nome de Estação Colombo.
Para alcançar tudo isso, Lebrão não mediu esforços. Os atrativos começaram com a decoração Art Nouveau, composta por espelhos de cristal da Antuérpia, cadeiras de jacarandá e palhinha assinados por Antonio Borsoi e mesas com pés de ferro e tampo de opalina azul, depois substituídas por mármore. Isso sem falar nos famosos vitrais, incluindo a clarabóia, e o elevador – um dos primeiros do Rio de Janeiro – tudo trazido da França.
Outro chamariz estava nas guloseimas. Caso da marmelada, inicalmente importada e depois verticalmente produzida pela Confeitaria Colombo (da plantação do marmelo,em Teresópolis, ao preparo do doce na própria confeitaria); ou do tradicional biscoito artesanal Leque, vendido nas famosas latas azuis; ou, ainda, do Pastel de Nata e da Coxinha Creme.
Reduto de artistas e intelectuais
Por causa desse bom relacionamento de seu dono com os intelectuais, a confeitaria acabou sendo elevada à condição de “sucursal da ABL”, a Academia Brasileira de Letras. É o que dizem os versos do soneto “Hino à Dentada”, escrito em uma das mesas pelo jornalista Emílio Menezes, com a intenção de lhe arrancar um empréstimo:
“Lebrão, tu sabes que a confeitaria
todo esse pessoal.
Nisto mostras que és homem de talento
Nem de lucros tirar cento por cento.
Atende, pois, a um dos amigos fiéis
Que está passando por um mau momento
E anda doido a cavar trinta mil-réis…”
Uma confeitaria de todas as tribos?
A Confeitaria Colombo nasceu simples, em uma pequena sala térrea. Somente em 1922 é que foi ampliada, Na reforma, a confeitaria ganhou um segundo andar, a imponente decoração Art Noveau, e tornou-se um dos lugares mais cobiçados da cidade. Ciente disso, Lebrão tentou adaptar-se a todos os públicos. Aos que não tinham condições de sentar-se à mesa para um completo chá das cinco, ele oferecia os balcões, onde era possível comprar doces avulsos, na quantidade que estivesse ao alcance do cliente.
Os públicos dividiam-se também por horários. Até o fim da tarde, a Colombo recebia mulheres da sociedade. À noite, o ambiente mudava e permaneciam apenas os homens com uma ou outra mulher mais rebelde, como era o caso de Chiquinha Gonzaga.
A Confeitaria Colombo ao longo do tempo
A Colombo passou por várias fases desde que foi fundada por Lebrão e por seu sócio Joaquim Borges de Meireles. A segunda, e talvez mais promissora, foi a dos primeiros depois da reforma. Joaquim Meireles tinha voltado para
Portugal e vendido sua parte a Lebrão, que colocava em prática seus conhecimentos natos de marketing antecipando-se aos concorrentes.
Notas
Confeitaria Colombo – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil – América do Sul
Fotos
- Sylvia Leite
Referências
- Jornal da PUC/Rio
- O último Português da Colombo - Site Museu da Pessoa
- Site oficial da Confeiratia Colombo
Livros
- Colombo - 100 Anos no Dia-a-dia da Cidade do Rio de Janeiro - Betty Mattos e Alda Rosa Travassos - Companhia Brasileira de Artes Gráficas
- Confeitaria Colombo – Sabores de uma cidade - Freire, Renato Freira eAntonio Edmilson Martins Rodrigues – Casa da Palavra
Muito bom o lugar nos remete ao inicio do século passado. A conservação é muito boa e a comida também
Isso mesmo, Manoel. Obrigada pelo comentário. Toda quinta tem matéria nova aqui no blog. Acompanhe!
Ad Aeternum. É sempre um grande momento usufruir de um tempinho na Colombo. É uma viagem sempre. Parabéns por mais essa pesquisa.
Obrigada, Sidney. Também adoro ir àColombo. Aliás, adoro todo o Centro do Rio.
A Colombo é um ícone do rio, merece o belo registro que vc fez, Sylvinha.
Adorei!
Valeu, Soninha, beijo
A confeitaria colombo é um símbolo do rio de Janeiro, infelizmente deixei para ir de domingo e ela estava fechada, mas amei conhecer através do seu post
Que bom que gostou. Não deixe de ir da próxima vez. Além de ter toda essa história, é um
lugar lindo.
Adorei ler a história da Confeitaria Colombo Realmente um patrimônio carioca. Passeio imperdível no centro do Rio!
Com certeza, Angela, a Colombo um passeio imperdível. Obrigada pelo comentário. Volte sempre!
Ah, que delícia conhecer mais a fundo a história desse patrimônio do Rio de Janeiro que é a Confeitaria Colombo! Eu já a visitei algumas vezes e fico encantada com a beleza do lugar, nem parece que nasceu simples!
Sou apaixonada pela Confeitaria Colombo no Rio de Janeiro, e concordo que é um patrimônio dos cariocas mesmo. E, como sempre, amei ler sobre ela no seu blog e saber mais da história do lugar. Muito bom mesmo. Parabéns.
Verdade. è um lugar encantandor. Sempre que vou ao Rio tento ir lá pelo menos uma vezinha.
Obrigada, Normeide. Volte sempre!
Além de achar o lugar lindíssimo, tenho uma relação de muito carinho com a Confeitaria Colombo, pois meu avó foi garçom lá. Acho uma visita obrigatória para qualquer pessoa que venha ao Rio!
A Confeitaria Colombo é um dos meus locais preferidos no centro do Rio. Adoro tomar o chá da tarde com toda a pompa da decoração clássica do local.
A Confeitaria Colombo realmente é um patrimônio símbolo do Rio de Janeiro, eu adorei quando fui, mas fiquei pouco tempo pois já estava pra fechar. É um lugar lindo que te faz voltar no tempo.
Nossa,Daniela, que legal! Ele deve ter te contado histórias incríveis. Compartilhe com a gente.
Difícil não gostar, né? É um dos lugares mais lindos que jpa conheci.
Verdade, Roberto. Parece que o tempo pára quando estamos lá.
A Confeitaria Colombo é um dos lugares mais bonitos do Rio. Já fui lá várias vezes, mas sempre parece que é a primeira vez.
Isso acontece comigo também, Sabrina. Não deixo de me encantar com esse lugar. Pena que eles deixaram de fazer a ‘almofadinha de queijo’ que eu adorava na minha adolescência rsrs.