Atualizado em 19/05/2024 por Sylvia Leite
Não há nada mais norte-americano do que a Estátua da Liberdade. O monumento tornou-se ícone dos Estados Unidos e o principal símbolo de Nova Iorque, a cidade onde está localizado. Ao mesmo tempo, está essencialmente ligado à França. Não apenas por ter sido projetado por Frédéric Auguste Bartholdi, e construído por Gustave Eiffel – o mesmo da torre –, mas, principalmente, por encarnar o primeiro dos três ideais da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
O nome original do monumento é “A Liberdade Iluminando o mundo”. Foi um presente do povo francês aos Estados Unidos em comemoração ao centenário de sua independência da Inglaterra e à recém proclamada abolição da escravatura. O monumento significou, também, uma afirmação da aliança histórica entre os dois países que naquele época era baseada nos princípios da liberdade e da democracia.
Estátua da Liberdade: inspirações e simbolismos
A forma da estátua é uma alusão à deusa romana Libertas, considerada a encarnação da liberdade. A figura feminina projetada por Bartholdi ergue, com a mão direita, a tocha com qual ilumina o mundo com o ideal da liberdade, enquanto com a esquerda sustenta uma tábua onde está escrita a Declaração da Independência dos Estados Unidos. O fim da escravidão está representado por uma algema quebrada e correntes dispostas no pedestal. A estátua acabou se tornando, também, um símbolo dos imigrantes chegados ao país na virada do século 19 para o século 20.
O monumento tem, ainda outros elementos simbólicos como a coroa com sete pontas, oficialmente consideradas como raios de sol, mas interpretadas por muitos como uma referência aos sete mares e, numa estranha conta, aos sete continentes1 – o que significaria a disseminação da liberdade pelo mundo. Além disso, aos seus pés está gravado o seguinte poema Emma Lazarus, intitulado “O novo colosso”:
Mande-me os seus exaustos, os seus pobres, / As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade, / Os desafortunados rejeitados das suas costas apinhadas. / Envie para mim esses desabrigados, chacoalhados pelas tempestades, / Eu ergo a minha luz junto ao portal dourado!
As curiosidades da Estátua da Liberdade
Além do simbolismo, a estátua americana tem curiosidades. Uma delas é que, entre 1886 e 1902, funcionou como farol – o primeiro a utilizar energia elétrica já que na época os faróis eram iluminados por tochas. Outra curiosidade diz respeito a suas dimensões. A altura completa, incluindo o pedestal, é de 93 metros – 55 a mais que o Cristo Redentor – e apenas o dedo indicador mede dois metros e meio.
Uma das características mais curiosas do monumento americano é a cor. Assim como muitas cúpulas de igrejas e mosteiros, a Estátua da Liberdade é feita de cobre e esse metal sofre oxidação quando exposto ao ar, tornando-se verde. Então, inicialmente a estátua era da cor de cobre, depois foi escurecendo e finamente esverdeou.
Vale a pena registrar também o fato de que a tocha original, que é talvez, a parte mais simbólica da estátua, foi substutuída em 1986. A tocha original tinha sido danificada, em 1916, por uma explosão que ficou conhecida como Black Tom, decorrente de uma sabotagem alemã durante a Primeira Guerra Mundial. Atualmente, a tocha original pode ser vista no Museu da Estátua da Liberdade, localizado na própria Ilha da Liberdade onde também se encontra a estátua.
Ao contrário do Cristo Redentor, a Estátua da Liberdade foi montada na França e depois desmontada para ser enviada aos Estados Unidos em pedaços. Antes do envio, sua cabeça foi exposta na Feira Mundial de Paris. Já o braço que segura a tocha foi exibido nos Estados Unidos: na Exposição Universal de 1876, na Filadélfia, e no Madison Square Park, em Manhattan.
Um passado árabe
Embora tenha sido especialmente encomendada para presentear os americanos, a Estátua da Liberdade não tem uma concepção inteiramente original. Pelo menos foi o que sugeriu o historiador Edward Berenson, da Universidade de Nova York, em entrevista ao programa de rádio The World, filiado da BBC2. Segundo Berenson, antes de ser procurado para a realização desse projeto, Bartholdi havia integrado a equipe que idealizou um monumento destinado a celebrar a abertura do Canal de Suez, no Egito.
Esse primeiro projeto, concebido anos antes, seria inspirado no colosso de Rhodes, mas com características de uma camponesa árabe e, como nunca saiu do papel, Bartholdi teria partido de seus desenhos para conceber a Estátua da Liberdade, transformando a camponesa em algo próximo a uma deusa grega.
Curiosamente, sob a estátua há uma base em forma de estrela de oito pontas que é um dos elementos mais significativos da arte decorativa do Islã. Pode ser apenas uma coincidência, pois sabemos que a construção da base ficou a cargo dos americanos e, além, disso, há quem conte dez pontas na estrela por causa das reentrâncias em duas delas. Mas estrelas de dez pontas também estão presentes na arte islâmica e o uso desse tipo de figura é uma das características centrais dos mosaicos que ainda hoje estão espalhados por todo o mundo árabe.
A imagem da estátua
Assim como o brasileiro Cristo Redentor, e talvez ainda com maior frequência, a Estátua da Liberdade é usado como cenário e tema de filmes. Um exemplo é o Independence Day, de1996. Mas da mesma forma que o monumento brasileiro, sua imagem é buscada com maior frequência por campanhas publicitárias e de utilidade pública.
Infelizmente, a imagem que a estátua nos passa hoje é muito mais de dominação – por representar um país que dá as cartas da economia mundial –, do que dos ideais de liberdade que estavam em voga na época de sua inauguração. Sua imagem teria sido comprometida, também, por usos sem qualquer relação com os ideais de liberdade, inclusive como símbolo de uma rede de lojas no Brasil. Mas seja qual for a visão que tenhamos dela hoje, a Estátua da Liberdade é um ícone da cidade onde está localizada e tem uma história que merece ser contada. 3
Notas
- 1 A informação sobre sete continentes não bate com nenhuma das listas históricas. Inicialmente, considerava-se apenas quatro: Europa, Ásia, África e América. Com a inclusão da Oceania, passamos a considerar cinco continentes. Em seguida, foi anexada a Antártica, aumentando a lista para seis. A única forma de considerarmos sete continentes seria desmembrando as três Américas e desconsiderando a Antártica. Ou considerando o Ártico, no Pólo Norte, como continente.
- 2 Fonte: Aventuras na História- Uol
- 3 Leia, aqui no blog, matérias sobre outros lugares especiais dos Estados Unidos: The Wall / Art Déco District / Os Claustros / Getty Center / Getty Villa
Para saber mais
- Veja, na postagem Nova York de graça, do blog De Lugar Nenhum, como conhecer a Estátua da Liberdade e outros 14 lugares da Big Apple sem pagar nada
- E se você já cumpriu o roteiro convencional da cidade, saiba como fazer novas descobertas na postagem Nova York fora do obvio: programas alternativos, do blog O Berço do Mundo
Estátua da Liberdade – Ilha da Liberdade – Nova Iorque – Estados Unidos – América do Norte
Colaboração
Referências
- Site oficial da Estátua da Liberdade
A estátua da Liberdade é um dos ícones que melhor representam os Estados Unidos. Uma viagem para NY não pode dispensá-la. E se somar à visita ao Museu da Imigração, o passeio está completo.
É verdade, Soninha. O Museu da Imigração merece uma matéria só pra ele.
Você acredita que eu já conheci a estátua da Liberdade que fica em Paris, mas nunca fui à de Nova York? Sempre vou deixando para uma próxima visita à Big Apple… agora com essas curiosidades que você relatou, bateu vontade de não perder a chance de ir na próxima ida a NY.
Isso acontece muito, Leo. Os monumentos estão ao nosso alcance e a gente não vai conhecer. Mas gostei de saber que a matéria do blog te animou a fazer a visita.
Adorei saber essas curiosidades sobre a Estátua da Liberdade! Sonho conhecer esse ícone americano.
Que bom que gostou. Quando você fizer a viagem já chega lá com esse conhecimento prévio.
Interessante esta mesclagem com a arte do Islã.
Quem diria, não é mesmo? rsrs
A estátua da liberdade é um grande símbolo dos Estados Unidos da América, que na verdade, já é uma identidade estadunidense. Sonho em conhecer este grande patrimônio. Ele é incrível!
É uma estátua conhecida no mundo todo e tem uma história muito interessante.
Esse é aquele ícone que só te você ver já te remete aos EUA. Quando fui visitar a estátua da Liberdade senti que o passeio a NY estava completo(rs).
É isso mesmo, Hebe. Todo mundo que vai a Nova Iorque quer pelos menos avistar a Estátua da Liberdade.