Casa das Onze Janelas: arte e contemplação

Tempo de Leitura: 4 minutos

Atualizado em 01/05/2024 por Sylvia Leite

Fachada da Casa das Onze Janelas - Foto de Sylvia Leite - BLOG LUGARES DE MEMORIAÉ comum, no mundo inteiro, o aproveitamento de prédios históricos como sedes de centros culturais, mas a Casa das Onze Janelas, em Belém do Pará, tem um aspecto especial. Além de ocupar uma construção do século 18, está localizada à margem do Rio Guamá, na Baía de Guajará. Depois de desfrutar de um dos mais importantes museus de arte da cidade, o visitante pode se entregar à contemplação em um bucólico jardim à beira-rio.

Não bastasse a beleza da baía, a vista alcançada por quem chega ao jardim da Casa das Onze Janelas inclui o Mercado Ver-o-peso, que é responsável por grande parte do abastecimento da cidade, além de ter se tornado um de seus mais importantes pontos turísticos e culturais.

Isso sem falar nas atrações que compõem o conjunto do próprio jardim como o pier que abriga uma curiosa escultura do artista Vista do Jardim da Casa das Onze Janelas - Foto de Sylvia Leite - BLOG LUGARES DE MEMORIAparaense Osmar Pinheiro de Souza, feita especialmente para o centro cultural, e um pequeno navio permanentemente ancorado no local.

O navio é, na verdade o Museu Corveta Solimões – estruturado dentro de uma embarcação da Marinha que era usada para levar ajuda a populações ribeirinhas. Os que encaram o desafio de entrar em um museu flutuante são conduzidos por um marinheiro que apresenta todos os compartimentos e explica o funcionamento da embarcação.

Já a escultura, denominada Aninga, faz alusão à planta de mesmo nome que cresce sem ordenação por toda a margem do rio. O jardim, conhecido como Jardim das Esculturs, abriga, também, uma peça do artista Paulo Schmidit doada pela Funarte.

Ainda no ambiente externo, no terraço do restaurante Boteco das Onze – que integra o centro cultural – , encontram-se painéis com retratos estilizados dos poetas lusitanos Luís de Camões, Manuel Bocage, Almada Negreiros e Escultura Aninga , pier e Navio Corveta - Foto de Sylvia Leite - BLOG LUGARES DE MEMORIAFernando Pessoa. As obras são assinadas pelo artista plástico lisboeta Júlio Pomar e foram doadas por instituições portuguesas.

O Museu Casa das Onze Janelas

Se o terraço exalta a cultura dos colonizadores, o museu, que se estende dentro e fora do edifício,  já nasceu com o propósito de difundir e propor reflexões sobre a arte brasileira. Seu acervo conta com mais de 300 peças de artistas de todo o Brasil, a partir do Modernismo até os nossos dias.

Entre as obras modernistas estão gravuras de Tarsila do Amaral, Lasar Segal, Clovia Graciano, Cícero Dias e Alfredo Volpi. O museu abriga, também, trabalhos de artistas contemporâneos como Cildo Meireles e como os paraenses Ruy Meira e Osmar Pinheiro de Souza – autor da já citada escultura Aninga.Retratos de poetas portugueses - Foto de Sylvia Leite - BLOG LGARES DE MEMORIA

Ocupação histórica do prédio

A Casa das Onze Janelas foi construída no século 18 – não se sabe a data exata1 – para servir de residência esporádica ao usineiro de açúcar Domingos da Costa Bacelar. No mesmo século, no ano de 1768, o palacete foi comprado pelo governo do Grão Pará e, depois de uma adaptação concebida pelo arquiteto italiano Antônio José Land, passou a funcionar como hospital militar sob o nome de Hospital Real.

A nova utilização do prédio durou pouco mais de um século. A partir daí, passou a ter diferentes funções militares, inclusive como local de confinamento para presos políticos durante a Ditadura Miltar. A Casa das onze janelas só voltou a ter uso civil em 2001, quando foi assinado um convênio entre o Governo do Pará e o Exército Brasileiro, destinando os terrenos da Casa das Onze Janelas e do Forte do Presépio à utilização turística.

A Casa das Onze Janelas, assim como o Forte do Presépio localizado ao lado, integram o conjunto arquitetônico e paisagístico resgatado pelo projeto de revitalização do Centro Histórico de Belém, criado em 1997 e denominado Feliz Lusitânia. O nome faz alusão à primeira vila fundada por europeus no lugar onde hoje se encontra a atual Belém do Pará.  2

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Casa das Onze Janelas – Belém – Pará – Brasil – América do Sul

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  • Sylvia Leite

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Lilian Wanderley
Lilian Wanderley
2 anos atrás

Que espetaculo essa historia, a Amazonia tem sua historia muito distante de nós, e remonta ao periodo colonial, com personagens e figuras como essas que foram mostradas.E viva a Baía de Guajará!!! Chamou pela minha memória infantil, pois tinha a Fazenda Guajará vizinha ao Quissamã e minha mae nos deu uma mini-aula de Geografia pra explicar de onde vinha o nome
Belém é linda, nao conheci a Casa das Onze Janelas nem o Museu, visitarei daqui pra frente, quando retornar a Belem!Mas adorei o mercado Ver o Peso com seus vitrais e sua paisagem e peixes maravilhosos, enquanto estive lá voltei varias vezes ao Mercado!!

Val Cantanhede
Val Cantanhede
2 anos atrás

Que lindo cenário para esse Centro Cultural!
A esperança é que o local nunca mais se torne uma prisão, como aconteceu na ditadura.
Parabéns pelo texto, Sylvinha, como sempre muito bem redigido!
Bjs

José Guilherme
José Guilherme
2 anos atrás

Parabéns Sylvia! Tive a oportunidade de conhecer a casa das onze janelas também! Lugar muito agradável de se estar contemplando o rio.

Luiz Carlos Oliveira de Santana( Lula )
Luiz Carlos Oliveira de Santana( Lula )
2 anos atrás

Excelente! Não conhecia embora já tenha estado em Belém do Pará. É que foi uma estadia muito rápida e com passeios já programados. Na próxima visita não perderei a oportunidade de conhecer. Grato

Deyse
Deyse
2 anos atrás

Gente, que beleza. A Casa das Onze Janelas é imponente, muito linda, adorei saber que é um espaço de arte e contemplação.

Gusta
Gusta
2 anos atrás

Em Julho de1978 estive em Belém com um grupo de colegas estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia , para o Congresso dos Estudantes de Medicina do Brasil. Ficamos hospedados em uma casa muito semelhante a essa. Não consigo no entanto me lembrar dessa proximidade com um rio. Fiquei encantada com Belém e foi o meu primeiro contato com a Amazônia. Nunca esquecerei os inúmeros sabores de frutas, que conheci através dos sorvetes que saboreei. Fico muito feliz que essa casa tenha sido preservada e que seja o museu que é.
Augusta Leite Campos

Sonia Maria Pedrosa Silva Cury
2 anos atrás

Que bom a Casa das 11 janelas foi preservada e hoje abriga esse rico museu. Esse nosso Brasil é cheio de surpresas e Belém é uma delas. Eu preciso conhecê-la.