Atualizado em 29/04/2024 por Sylvia Leite
Ao ter seu centro histórico tombado pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, Bukhara, no Uzbequistão, foi descrita como o exemplo mais completo e preservado de layout e edificações urbanas medievais na Ásia Central. Foi ressaltada, ainda, sua importância histórica como oásis da famosa Rota da Seda 1 e como o maior centro de teologia muçulmana, principalmente de Sufismo, entre os séculos 9 e 16. Para completar, embora isso não conste do rol de qualidades que justificaram o título, não se pode esquecer que Buhkara está no imaginário de quem leu e se encantou com as histórias narradas no Livro das Mil e Uma Noites.
Embora sem governantes tão famosos, os árabes foram os conquistadores que deixaram maiores marcas em Bukhara. Após sua conquista, no comecinho do século 8, instalou-se no local um importante centro cultural e religioso que atraia intelectuais, estudantes e religiosos de todo o mundo muçulmano. Cerca de dois séculos depois, a cidade foi escolhida pelo emir persa Ismail Ibn Amad como capital do Reino Samanid Independente*. Nessa época, nasceu e viveu ali, o médico e filósofo persa Ibn Sina – conhecido no ocidente como Avicena. A expansão prosseguiu até a invasão mongol e foi retomada com a invasão dos turcomanos, também de religião islâmica.
É também desse período, a praça Lyabi-Khauz (perto da lagoa , em Persa**) que reúne antigas madrassas e atuais cafés em volta de uma das poucas lagoas artificiais restantes entre as muitas que já existiam na cidade e compunham seu sistema de abastecimento hídrico. Nas margens, encontram-se amoreiras – espécie presente também em outros pontos da cidade – e uma escultura de Nasrudin Hodja – conhecido personagem sufi de histórias de ensinamento, originário do folclore turco, que, aqui no Brasil, costuma ser comparado a Pedro Malasartes.
A última grande conquista e ocorreu em 1924, quando Bukhara e Samarcanda foram anexadas à República Socialista Soviética do Uzbequistão, dentro da hoje extinta União Soviética, tornando-se socialista, e permaneceu assim por mais de 60 anos até sua independência, em 1991, possibilitada pela dissolução do bloco.
A diversidade de religiões
Bukhara teria sido também lugar de refúgio dos adeptos de religiões perseguidas pelos Sansânidas como Maniqueísmo e Cristianismo Nestoriano. Moedas e cruzes desse período, encontradas na cidade, indicariam que, nessa época, a religião oficial da casta dominante pode ter sido o Cristianismo. Com os árabes, veio o Islamismo, interrompido oficialmente, em 1924, com a anexação à União Soviética, mas mantido como religião dominante até hoje, ao lado de uma minoria de cristãos ortodoxos, católicos e outros pequenos grupos.
A diversidade de religiões pode estar expressa na madrassa de Chor Minor, cujo nome significa quatro torres e que ficou conhecida por suas cúpulas azuis. Conta-se, na cidade, que essas torres foram erguidas para representar as quatro religiões conhecidas em Bukhara na época de sua construção: Islamismo, Cristianismo, Zoroastrismo e Budismo. Não há documentos que comprovem essa afirmação, mas cada uma das torres tem uma decoração diferente, e acredita-se que os motivos usados são alusivos a cada uma dessas crenças.
Bukhara e suas lendas
Notas
- 1 Leia, aqui no blog, matérías sobre lugares que também integravam a Rota da Seda: Samarcanda, Khiva, Merv Antiga, Mausoléu de Yasawi
Bukhara – Uzbequistão – Ásia Central – Ásia
Fotos
Referências
Excelente matéria. Instiga a vontade de estar no lugar.
Que texto magnífico, Sylvinha! Um deleite a leitura e as fotos.
Bjs,
Val Cantanhede
Excelente matéria, viajei, curtir é voltei.
Valeu pelo texto, Sylvinha! Eu tenho especial interesse no Uzbequistão e seu texto contribuiu muito para o meu conhecimento. Super obrigada.
sonia pedrosa
Obrigada Silvya Leite por destacar a belíssima Bukhara. Cidade de tanta historia, arquitetura magnífica e mescla de religiões e sabedoria.
Que bom. Tenho certeza que você vai gostar. Beijo
Obrigada, Marcelo.Abraço.
Eu que agradeço, Vania. Pela leitura e pelo comentário.
Valeu, Val. Beijo
Que bom que gostou. Da próxima vez, por favor se identifique.
Que post sensacional! Parabéns! Eu já imaginava que Bukhara fosse um caldeirão de culturas etnias e religiões, mas me surpreendeu mais ainda! Obrigada por compartilhar dicas e detalhes tão ricos assim!!!
Eu que agradeço e fico feliz de saber que gostou.
Valeu, Silvinha! Ótimo texto e belas fotos!
Que bom que gostou, Bia. Beijo
Se Deus quiser, vou conhecer em breve essa maravilha que é Bukhara, um caldeirão de culturas, etnias e religiões. Sempre me encantei com essa mistura de estilos arquitetônicos e de culturas.
Você vai adorar, Alexandra.
Seus posts sempre me inspiram! Não conhecia Bukhara. Mais um destino fascinante!
Bom saber que gosta do blog, Angela. Quanto a Bukhara, é mesmo um lugar fascinante.