Atualizado em 29/04/2024 por Sylvia Leite
Entrar no Gurudwara Bangla Sahib, templo sikh em Nova Delhi, é mergulhar em um estado, aparentemente eterno, de paz e tranquilidade. Antes de cruzar o portal de entrada, é preciso descalçar os pés e cobrir a cabeça – o que estabelece uma espécie de preparação dos fiéis, ou visitantes, para entrar em contato com o lugar. Tanto no templo, como em sua área externa, tudo parece feito para dissolver diferenças sociais ou de castas – e incentivar a cooperação e a paz.
Do lado de fora, uma enorme lagoa artificial (Sarovar) cercada por corredores repletos de arcos, já introduz a sensação de calmaria. Para os sikhs, essa água é sagrada e tem poder de cura. Para os visitantes, a sua imensidão conforta o olhar, amolece o corpo e convida à meditação.
Dentro do espaço de orações, fiéis e visitantes misturam-se, livremente, todos igualmente sentados no chão. O lugar lembra uma mesquita porque, como os muçulmanos, os sikhs não têm santos e nem cultuam imagens. A atmosfera é de interiorização. Mesmo para quem não tem vínculos com a religião e sequer conhece seus preceitos, é impossível não sentir o impacto do ambiente, provavelmente resultante da devoção dos seguidores e da amorosidade com que se tratam mutuamente. Talvez para não distrair as pessoas dessa interiorização, as fotos são proibidas no local.
Convivência e compartilhamento no Gurudwara Bangla Sahib
Assim como o salão de orações e a lagoa sagrada, a cozinha (Langar Hall) é um lugar de grande importância nos Gurudwaras. Nela, pessoas comprometidos com a religião, denominados gursihks, preparam diariamente, com a ajuda de voluntários, refeições gratuitas para serem servidas tanto a fiéis como a visitantes. Com isso, colocam em prática o compromisso religioso de dar comida a quem tem fome e exercitam, pela convivência com pessoas de todas as origens e crenças, a igualdade e a fraternidade.
A comida é feita a partir de ingredientes doados e oferecida a todos que chegam. Qualquer pessoa pode fazer trabalho voluntário na cozinha sikh, por quanto tempo desejar. E quem não se sente confortável para lidar com alimentos, consegue encontrar outra forma de colaboração, como trabalhar nos serviços de limpeza ou ajudar a tomar conta dos sapatos de fiéis e visitantes.
Sikhismo: uma das maiores religiões do mundo
No Brasil, quase não se ouve falar sobre os sikhs e há poucos deles entre nós, mas sua religião, de acordo com várias fontes – como o site Adherentes.com e a a revista Super Interessante -, está entre as dez maiores do mundo, com pelo menos 22 milhões de adeptos.
O Sikhismo surgiu em 1.577, no Punjab – estado localizado na fronteira com o Paquistão -, como uma religião monoteísta. O Guru Nanak, seu fundador, afirmava a existência de um só Deus e acreditava que todas as religiões cultuavam a mesma divindade, o que mudava eram apenas os nomes. Para os sikhs, Nanak escolheu o nome Sat Nam, que significa Deus Verdadeiro.
Segundo boa parte dos registros, o Sikhismo nasceu de um sincretismo entre Hinduísmo e Sufismo (braço místico do Islã). A informação talvez não seja muito precisa, mas há indícios de que o Guru Nanak teve contato com as duas tradições, e sempre foi crítico dos seus enfrentamentos, argumentando que a religião deve unir e não criar animosidades, pois não existem diferenças entre os fiéis. Isso teria originado a frase, supostamente de sua autoria: “Não há hindus, não há muçulmanos”.
Conta-se, ainda, que Nanak pregou para fiéis das duas religiões e muitos deles tornaram-se seus seguidores – fato que talvez esteja na origem do termo ‘sikh’, derivado da palavra sanscrita śikṣa, que significa discípulo ou aprendiz.1
Notas
Gurudwara Bangla Sahib – Nova Delhi – Índia – Ásia
Fotos
- (1) Sudeshkjain / Pixabay
- (2, 3, 4 e 5) Marlene Miranda
Sylvinha, que experiência deve ser ir a um lugar desses…. muito legal e o seu texto traduziu tudo perfeitamente! Parabéns!
É bem essa atmosfera de paz e de convivência solidária que está faltando no Brasil…
Parabéns, Sylvinha, por mais uma matéria edificante!
Grande abraço,
Val Cantanhede
Mais uma preciosidade; obrigada Sylvia Leite
Obrigada, Regina! bjs
Obrigada, Val. Se puder, divulgue. bjs
É muito legal mesmo. E como é uma experiência interna, acredito que cada um sinta de um jeito.
muito interessante especialmente pra mim que já estive nesse lugar!
Pensa que não sei que é você rsrs. Esqueceu de dizer seu nome. Obrigada pelo comentário.
Ouvi dizer que são vegetarianos e os homens nunca cortam os cabelos.
Obrigada pelo comentário. Que pena que você não se identificou. Mas toda quinta tem matéria nova no blog. Não perca. E da próxima vez, por favor deixe seu nome.
Eu não preciso cortar o cabelo. Este lugar é especial.
Muito especial. Pena que você não se identificou.Da próxima vez, deixe seu nome, ok? Abs
Sylvia, que bacana esse templo Gurudwara Bangla Sahib, deve ser um local incrível para meditação mesmo! super interessante toda a história
Visitar o Gurudwara deve ser uma experiência única, pelo que li aqui a troca de energia é marcante.
É sim, Cynara, o Gurudwara é um lugar que nos transmite paz e harmonia.